Arquivo: Edição de 17-05-2019
SECÇÃO: Generalidades |
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D. José Aguirre denuncia roubo das riquezas naturais da República Centro-Africana Um mês depois, outro ataque. A cidade de Bakouma ficou quase destruída e a missão católica foi saqueada. D. Aguirre recorda-se de tudo. “Uma semana depois, ainda havia corpos nas ruas da cidade.” Milhares em fuga Os que puderam fugir fugiram. Muitos foram para Bangassou, a 130 km. “Estavam exaustos, com a sua vida em ruínas.” Eram homens, mulheres e crianças. Só queriam sobreviver. Muitos perderam a família. Alguns são ainda crianças. “No nosso orfanato, Mama Tongolo, temos ainda dezenas de crianças que chegaram a Bangassou, sem saberem onde estavam os seus pais ou se ainda estavam vivos ou não…” Os ataques não são de agora. Cidade de Nzacko, 2017. Um grupo de mercenários ataca a região. D. José Aguirre não tem dúvidas em dizer que eram quase todos estrangeiros. A missão católica foi completamente destruída. O Bispo de Bangassou não compreende tanta violência, tanta maldade. São mercenários a soldo de países estrangeiros, de empresas com interesse nos inúmeros recursos naturais do país: ouro, diamantes, coltan… Essas riquezas valem mais, muito mais do que a vida das populações. Afinal, diz D. José Aguirre, “são sempre os mais pobres que pagam o preço…” Tem sido assim, de facto, mas no final fica a certeza de que ali, na República Centro-Africana, a Igreja é o refúgio dos que já perderam tudo. Até a esperança. Às vezes é mesmo o único refúgio.. Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt |