«Não é o impossível que mais desespera, mas o possível não atingido» Robert Mallet, 1915
A Filosofia foi inventada pelo Homem e com ele se extinguirá. Foi sempre e será, contemporânea da Política pura – esta sendo Arte e Religião em mistura. Então, permanecerá, apenas, a Sophia. A Arte, não. Existe. Porque existiu, existiria sem Aquele e há-de existir para além d’Aquele. Ele a criou. Isto é, antecede o seu actual usufrutuário e posteriorizar-se-á com este, é certo, engrandecida e enriquecida em visionário e sentimento; e já sem este. A Natureza planetária e a Arte cósmica global assim o determinam, como fontes primeira, primária e derradeiramente infinita, de inspiração. Supremas, perenes, em tempo e espaço, ambas. A Religião – a que paira acima das religiões, converte-se num caldeamento de ambas. Abstracta, absoluta, acima das relativas. Logo, real. Extravasa-as. Apenas porque o Homem quer e crê – em si, nos outros, na fauna, na flora, na terra, na água, no fogo, no ar, na luz, nos vácuos relativos ou absolutos e no Universo, infinito e em inexorável expansão. Não requer, aqui, os sentidos; só o pensamento e acção da velocidade. Sincrónica do Homem, com ele coincidente em espaço, espacial e especial de cada animal-homem; ainda que agnóstico ou ateu – categorias, que em pura análise filosófica e ontológica, não existem. E em Arte, também não. Penso, logo sou religioso. Sem crer e até sem querer. É vector em espaço rectilíneo, no sentido de oposição a segmento ou sector de recta, em extremos, finitos. É tempo sem a nem v (e acaso o Tempo os tem?) em mera abstracção escatológica, na minúscula hora expansionista ou evolucionista do animal-pensador-sensível que é o Sapiens, homo, o foi o Erectus, e o foi, ao que parece, o australopiteco, Habilis, bem no centro de África, há 2 milhões de anos. E o será, ao que se pensa, o vindouro homo modulabis.© Filosofia = discussão, arquétipo do ideal, da utopia; do bem e do mal; do ser e não-ser; do ter e não-ter; do querer e não-querer; da acção e não-acção. Do pensamento. Arte = ausência de discussão; dispersão centiforme dos sentidos; da cultura do instante; da civilização genetizada e evolucionista. Imagens vistas, visões pensadas, tactos visíveis, odores invisíveis, sons translúcidos. Não-pensamento do Homem. Religião = Arte com Filosofia, no Homem; filosofia sem arte, do homem; pensar-impensável do Pensamento sem o Homem.
A filosofia não (cor)responde quando toma por base o indivíduo. Ora, se das ideias, normalmente se passa para o esquema, a programação, a prática actuação na comunidade e no indivíduo, óbvio se torna que andaremos muitos dos elementos sociais-chave, pais e educadores, incandeados*, quiçá tresmalhados, formulando questões sem respostas, criando sonhadoras perspectivas. «(…)é evidente que a filosofia falhou no dar conta do indivíduo, das sua ac- ções, da sua afectividade, da sua natureza, das suas vontades. A psicologia de observação e de experimentação precipita-se neste vazio. (…)deve compenetrar-se de que inventou uma nova entidade: o Homo psychologicus, que é possível abordar sob tantos aspectos – todos realistas, mas todos incertos – que no final a entidade estilhaça-se e dissolve -se. O que é o homem tomado na sua individualidade, como corpo, como elemento da sociedade, como linguagem?» François Châtelet
© designação criada pelo autor * neo-logismo criado pelo autor para verbo, quando a língua ainda só permite o substantivo incandescência (latim, incandescëre) Sílvio de Macedo
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