Arquivo: Edição de 16-06-2006
SECÇÃO: Região |
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A PENHA tesouro de encantos Consciente do seu dever de ajudar a conhecer o Património que a Penha encerra, a Irmandade de Nossa Senhora do Carmo da penha decidiu criar programas de visitas guiadas. A primeira visita oficial guiada ocorreu no passado dia 30 de Maio. Roriz Mendes, juíz da Irmandade convidou um conjunto de personalidades e a Comunicação Social, tendo reunido cerca de 50 pessoas. D. Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz e Dr. António Magalhães, Presidente do Município representavam certamente as instituições que “tutelam” a preservação e fidelidade dos recursos e eleição da Penha, por parte dos vimaranenses, para o encontro com Deus, tanto na admiração da Natureza, como em expressões de fé. “Onde tudo começou”, Roriz Mendes desbobinou a história conhecida da Penha com a identificação de pormenores muito interessantes do local escolhido pelo Ermitão Guilherme Marino, vindo de Itália em 1702, seguindo-se, mais tarde, a chegada de uma comunidade de Carmelitas, estabelecendo, assim, a devoção a Nossa Senhora do Carmo: primeiro local de culto foi a gruta em honra da Virgem Maria,sob aquela invocação. Logo neste começo de descobertas, qual delas a mais interessante, o arquitecto Noé Dinis, um artista seduzido pela Penha, chamando a atenção para um pormenor bem esquisito, que é o da fonte no largo da Comissão abastecida por um condutor através de enorme rochedo, obra do engenho do “senhor Costa da Penha”, desabafou: “as agências de viagens põem as pessoas a fazer viagens de milhares de quilómetros para verem coisas muito mais insignificantes, pelo que nós temos de valorizar o que está ao pé da porta”. E ali também uma outra emoção: se a Penha atrai quem a contempla ao longe, ela retribui generosamente esse carinho: dos seus miradouros vai o olhar para as altas serranias e do vale até ao mar com toda a arquitectura vivenciada pelo homem. São, todavia, muito atraentes as vistas da cidade, tanto dos principais miradouros, capela de S. Cristovão, Santuário e Pio IX como de alguns outros que surgem de cima de penedos envolvidos pela folhagem. A Irmandade da Penha ao convidar os visitantes para a percepção do património e potencialidades da Montanha revelou também que, “no terreno”, estão pessoas capazes de estabelecerem uma forma sustentada de patentear a máxima credibilidade daquele produto que é fundamentalmente uma dádiva de Deus. Ao já citado arquitecto Noé Dinis há que juntar o Dr. João Costa, credenciado botânico que tem projectos audaciosos para o incremento e divulgação do parque florestal onde já tem classificadas cerca de 450 espécies. À intenção apresentada de aplicar as novas tecnologias para uma informação sensível, que designou de “árvores falantes”, logo o Presidente da Câmara reagiu: como não abranger tantas outras espécies disseminadas pela cidade no mesmo programa? Embora a reserva natural em toda a sua variedade parecesse dominar todas as atenções, o que é certo é que a evocação dos locais de devoção surgia espontaneamente como atitude e compromisso de louvor e proclamação das maravilhas de Deus. Foi assim no início da visita e já na parte final ao pé da imagem do Beato Pio IX. Em 1893 ano da inauguração começava o movimento imparável das grandes manifestações de fé, ditadas pela devoção à Imaculada Conceição, cujo dogma aquele Pontífice proclamou e a que os cristãos vimaranenses corresponderam com a colocação da imagem de Nossa Senhora de Lourdes na gruta que lhe foi dedicada, ainda antes da colocação daquela. Da parte da Irmandade, ficou a promessa de tudo fazer para que a oferta de boa qualidade (acessos, parques, água, mesas, limpeza...) se manteha e um programa de visitas guiadas. O juiz da Irmandade formulou um desejo veemente: que a Montanha da Penha seja classificada na escala que lhe for compatível pelas entidades competentes. O Presidente da Câmara, na sua intervenção, foi bem o símbolo duma comunidade que se orgulha desta riqueza ímpar, reiterando também assumir toda a sua responsabilidade institucional. D. Jorge Ortiga ajudou a fazer uma síntese da convergência que o homem de fé é chamado a fazer e manifestou-se convencido de que todas as pessoas crentes, menos crentes ou até indiferentes sairão sempre beneficiadas com a promoção e carinho por todos os elementos que chamem a olhar para as alturas. |