Arquivo: Edição de 28-04-2006
SECÇÃO: Informação Religiosa |
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Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações Em Cristo, Cabeça da Igreja, que é o seu Corpo, todos os cristãos formam "a raça eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, a fim de anunciardes as virtudes d'Aquele que vos chamou das trevas" (1 Pd 2, 9). A Igreja é santa, mesmo se os seus membros têm necessidade de serem purificados, para fazer com que a santidade, dom de Deus, possa resplandecer neles até ao seu pleno esplendor. O Concílio Vaticano II ressalta a chamada universal à santidade, afirmando que "os seguidores de Cristo, chamados por Deus e justificados no Senhor Jesus, não por merecimento próprio mas pela vontade e graça de Deus, são feitos, pelo Baptismo da fé, verdadeiramente filhos e participantes da natureza divina e, por conseguinte, realmente santos" (Lumen gentium, 40). No âmbito desta chamada universal, Cristo, Sumo Sacerdote, na sua solicitude pela Igreja chama depois, em cada geração, pessoas que se ocupem do seu povo; em particular, chama ao ministério sacerdotal homens que exercem uma função paterna, cuja nascente está na própria paternidade de Deus (cf. Ef 3, 15). A missão do sacerdote na Igreja é insubstituível. Por isso, mesmo se em algumas regiões se regista escassez de clero, nunca deve faltar a certeza de que Cristo continua a suscitar homens, os quais, como os Apóstolos, tendo abandonado qualquer outra ocupação, se dedicam totalmente à celebração dos sagrados mistérios, à pregação do Evangelho e ao ministério pastoral. Na Exortação apostólica Pastores dabo vobis, o meu venerado Predecessor João Paulo II escreveu em relação a isto: "A relação do sacerdote com Jesus Cristo e, n'Ele, com a Sua Igreja, situa-se no próprio ser do presbítero, em virtude da sua consagração/unção sacramental, e no seu agir, isto é, na sua missão ou mistério. Em particular, o sacerdote ministro é servo de Cristo presente na Igreja mistério, comunhão e missão. Pelo facto de participar da "unção" e da "missão" de Cristo, ele pode prolongar na Igreja a sua oração, a sua palavra, o seu sacrifício e a sua acção salvífica. É, portanto, servidor da Igreja mistério porque actua os sinais eclesiais e sacramentais da presença de Cristo ressuscitado" (n. 16). Outra vocação especial, que ocupa um lugar de honra na Igreja, é a chamada à vida consagrada. A exemplo de Maria de Betânia, que "se sentara aos pés do Senhor e escutava a Sua palavra" (Lc 10, 39), muitos homens e mulheres consagraram-se a um seguimento total e exclusivo de Cristo. Eles, mesmo desempenhando diversos serviços no campo da formação humana e do cuidado dos pobres, no ensinamento ou na assistência dos doentes, não consideram estas actividades como a finalidade principal da sua vida, porque, como ressalta bem o Código de Direito Canónico, "o primeiro e principal dever de todos os religiosos deve ser a contemplação das verdades divinas e a união constante com Deus na oração" (cân. 663, 1). E na Exortação apostólica Vita consecrata João Paulo II escreveu: "Na tradição da Igreja a profissão religiosa é considerada como um singular e fecundo aprofundamento da consagração baptismal, visto que nela a união íntima com Cristo, já inaugurada no Baptismo, evolui para o dom de uma conformação expressa e realizada mais perfeitamente, através da profissão dos conselhos evangélicos" (n. 30). Recordando a recomendação de Jesus: "A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe" (Mt 9, 37), sentimos profundamente a necessidade de rezar pelas vocações ao sacerdócio e à vida consagrada. Não surpreende que, onde se reza com fervor, floresçam as vocações. A santidade da Igreja depende essencialmente da união com Cristo e da abertura ao mistério da graça que age no coração dos crentes. Por isso gostaria de convidar todos os fiéis a cultivar uma íntima relação com Cristo, Mestre e Pastor do seu povo, imitando Maria, que guardava no seu coração os mistérios divinos e meditava-os assiduamente (cf. Lc 2, 19). Juntamente com Ela, que ocupa um lugar central no mistério da Igreja, rezemos: Ó Pai, faz surgir entre os cristãos numerosas e santas vocações ao sacerdócio, que mantenham viva a fé e conservem a grata memória do teu Filho Jesus mediante a pregação da sua palavra e a administração dos Sacramentos, com os quais tu renovas continuamente os teus fiéis. Concede-nos ministros santos do teu altar, Que sejam atentos e fervorosos guardas da Eucaristia, Sacramento do dom supremo de Cristo para a redenção do mundo. Chama ministros da tua misericórdia, que, mediante o sacramento da Reconciliação difundam a alegria do teu perdão. Faz, ó Pai, com que a Igreja acolha com alegria as numerosas inspirações do Espírito do teu Filho e, dócil aos seus ensinamentos, se preocupe pelas vocações para o ministério sacerdotal e para a vida consagrada. Ampara os Bispos, os sacerdotes, os diáconos, os consagrados e todos os baptizados em Cristo, para que cumpram fielmente a sua missão ao serviço do Evangelho. Isto te pedimos por Cristo nosso Senhor. Amém. Maria, Rainha dos Apóstolos, reza por nós! |