Arquivo: Edição de 18-12-2015
SECÇÃO: Generalidades |
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NATAL 2015 | Caderno de problemas Esta memória de infância, que traz ao de cima um bocadinho do que era a pedagogia e os procedimentos educativos daquela época, em que para muitas crianças era quase um luxo ter acesso à escola, poderá ajudar a perceber melhor o que deve ser o Natal e, particularmente, este Natal de 2015, a celebrar em Ano Santo Extraordinário da Misericórdia. Para todos, na escola da vida, para os crentes, na escola da fé, o Natal deverá ser visto como portador de um sem-número de questões, cujas respostas terão de ser dadas e assumidas responsavelmente. Também aqui não há muletas para facilitar a caminhada; a responsabilidade é, toda ela, pessoal. E mais: como as multidões que seguiam João Batista, o precursor de Jesus, também os homens de hoje deverão interrogar-se a si próprios: e nós – e eu – que devemos fazer? Eis aqui o caderno de problemas. Mais ainda do que um caderno de encargos, aquele levanta indefinidamente perguntas sobre perguntas, ao passo que o caderno de encargos pode conduzir à posição cómoda resultante da convicção de que, cumpridos os deveres e imposições éticas e morais, está tudo feito. Contemplando o mistério da Encarnação do Verbo de Deus, Palavra feita carne, uma direção de sentido único nos interpela a seguir Jesus, que é Caminho, Verdade e Vida e a descobrir que, nas variadíssimas circunstâncias da vida, não podemos esquecer que o caminho de Deus, como tanto repetia São João Paulo II, é o homem. Deste modo, iluminados pela energia do Evangelho e atentos às necessidades do próximo, nós encontraremos sempre novos pontos de referência para responder prontamente: e nós que devemos fazer? E não se caia na tentação de misticismos ou consolações de vanglória. Olhar em redor uma multiplicidade de círculos concêntricos, a partir do núcleo que é cada um em particular, desfazendo as arestas que magoam e afastam, passando pela família, pela escola, ambiente de trabalho e toda a espécie de relacionamento com vontade constante de alargar horizontes, aí está o mais sugestivo caderno de problemas. O Natal deste ano tem um motivo acrescido de viver a magia que o Natal sempre comporta: é o convite à misericórdia. Alimentar a virtude da Esperança, confiando nas promessas de Jesus e respondendo com práticas de misericórdia, em convivência fraternal, é ter a certeza e a alegria de bom desempenho. E nós queremos que este Natal seja assim. Lima de Carvalho |